SOLIDÃO

A solidão são como casas vazias, abandonadas, jardins sem flores.

Janelas trancadas, e sem peitoris, vidraças quebradas, anteparos frios!

Portas, sem passagens, e sem caminhos, sem permitir ir a lugar algum.

Nessas sociedades hodiernas nessas solidões coletivas, de vozes aflitas,

Esperando os diálogos, interlocutores afônicos, ecos sem sons, vazios!

Reflexo deprimido numa vida de escolhas que andaram na contramão,

Tempestades, barcos à deriva tentando apagar  chamas desses vulcões.

 

Dedos incisivos nas feridas a afligir reabrindo novas, velhas cicatrizes.

Mostrando as caras sem rostos nenhuma emoção que lhe faça parceria.

Estradas vicinais pavimentadas com as argamassas das ilusões estéreis.

A ver que só restaram, pedaços de lembranças sonhos se decompondo,

A adjetivar, esses miasmas, exibindo, na sessão do cinema, seu drama!

Nesses sinais, os olhares perdidos, olhos para trás dobrando o passado,

Nos quadros desbotados, sem molduras presos à sua realidade sua vida.

 

Haja vista, solidão ser relógio de engrenagens partidas parado no tempo

Uma praia deserta e crua, onde as ondas e os rochedos já não dialogam,

Aves canoras cujas asas partidas, não mais permitem fazer os seus vôos...

Pássaros presos na gaiola vendo do seu cativeiro um universo a sua volta!

A orfandade, meninos que não nutriram do carinho do amor de suas mães.

Gritos, e choros, pedindo socorro, colcha de retalho histórico de sua vida!

Por fim, um violão, um violino, sem cordas, sem voz, silêncios que dói.

Albérico Silva

 

AlbéricoCarvalho
Enviado por AlbéricoCarvalho em 10/11/2021
Reeditado em 17/11/2021
Código do texto: T7382320
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