Minha concha

Cada vez mais eu me vejo e me aceito como uma pessoa só,

que nasceu apenas para si,

E não pertence a ninguém.

De tristeza em tristeza, despedida em despedida

Vou colecionando tijolos,

E construindo um muro ao meu redor.

Sei que tudo dura o tempo necessário que têm que durar,

Mas todo encontro, seja no contexto que for,

sempre dura pouco para mim.

Cada dia mais eu me agarro a solidão

E a visto, como uma manta no meio da madrugada fria.

E no desejo de não ter mais que lidar com despedidas

Evito começos, evito os primeiros encontros.

Se envolver é uma bagunça,

Qualquer parte nossa que doamos

Faz falta depois, quando o outro decide partir.

Minha concha então se torna,

O lugar mais confortável do mundo

E mais uma vez, volto pra ela.

Um pouco mais madura,

Mas quem precisa de tanta maturidade?

Ser intenso por vezes é um porre,

Se entregar de corpo e alma para alguém

Para depois, se estraçalhar no chão

e recolher todos os cacos sozinha.

Esses relacionamentos líquidos são tão cansativos,

Nada parece durar,

As pessoas se cansam rapidamente e se vão

Tudo escorre entre os vãos dos dedos,

E tudo o que é vivido, parece não significar nada.

Luh Celestty
Enviado por Luh Celestty em 16/11/2021
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