Apenas ouço...

Me encontro agora

Frente a frente com você

Nas palavras,

Você tenta dar formas

E nomear o que sente

As lembranças voltam

E você tenta presentificá- la

Mas nada do que te disser agora

Consegue amenizar a sua dor

Por isso, apenas ouço...

As feridas ainda deixam marcas

No tempo que nunca se apaga

Há vida lá fora,

Mas você se vê aprisionado

E tudo se repete

E o passado se torna presente.

Semana a semana

Você volta

Para dar voz ao seu sofrimento

Frente a sua angústia

Tudo se torna insignificante

Desconecto- me de mim mesma,

Por isso, apenas ouço...

Essa eterna caixa de lembranças

Se propaga no tempo

E ficam guardadas nas nossas memórias

As alegrias, as dores

Até os arrependimentos...

O homem, refém do seu próprio

passado

Pode fugir de todos,

Só não consegue fugir de si mesmo...

Triste e cruel realidade!

Poema feito através de relatos e vivências em atendimentos clínicos.

"A voz do inconsciente é sutil, mas ela não descansa até ser ouvida".

(Sigmund Freud).