livro

Livro

abro o livro e acabrunho-me...,

de manhã acordo, óbvio...adiante,

envolta num aterrador barulho ensurdecedor,

tipo: o roncar do autocarro em frente á porta na paragem,

o apitar do comboio a prevenir os chicos espertos apressados,

os gritos histéricos das vizinhas na coscuvilhice,

os gatos e os cães numa conversa irritante,

as portas dos carros a bater,

os padeiros a apregoar concorrência a peixeiros,

a televisão de cima aos altos berros,

o polícia de apito na boca,

rádios que degolam música ironicamente horrível...

pá, já passada com tudo saio para caminhar,

sempre de livro na mão ouço os meus passos,

entro noutra cena e viro a página,

um outro capitulo,

aqui escuto as folhas secas no chão a estalar,

já não ouço nada do que me deixava cega dos ouvidos,

agora sentia o silêncio curioso da natureza,

na voz dos pássaros,

no murmúrio da brisa debruando as plantas,

no bater das águas nas insolúveis rochas,

no correr do rio,

no zumbir dos insetos,

no dançar das ervas...

o sol baixou os seus raios quentes e deu lugar

ao manto da noite que como um cobrir afável,

veio no final fechar-me o livro.

Sizamar
Enviado por Sizamar em 27/11/2021
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