Prece a Deus

Senhor,

Olhai para tantas crianças e idosos que não tem um pedaço de pão,

Vede com teus olhos, meu Senhor, que a misericórdia não existe mais.

Pagamos tantos impostos e tributos, e ainda assim ninguém é cidadão

Em um país que nos abandona, nos rouba, mente-nos há séculos atrás.

Depois de mais um dia árduo de trabalho, as mãos calejadas e vazias

Suplicam por uma vida digna, por um leito em que haja sono e paz.

O sol mal acorda e já é preciso estar em pé nas tormentas dos dias

E a injustiça e a ignorância procriam rebentos de escravos ancestrais.

Senhor,

Tende dó dos pobres de espíritos nas fortunas e ganâncias afundados,

Pois estes, nas riquezas ilícitas de suas mansões, são pobres desgraçados;

Tão pobres e estúpidos que nem enxergam as misérias ocultas nos rostos,

E semeiam leis injustas, aves de desesperanças e sentenças de desgostos.

Senhor,

Tende compaixão das prostitutas tão bonitas e tão vazias;

E dos homens que compram sexo para mascarar essa ausência de alegria;

Tende dó dos que pregam, julgam e condenam em Teu nome sagrado,

Julgam-se santos e sábios, mas vivem na devassidão e espalham o pecado.

Senhor,

Ajudai, Senhor, aos que pensam que tudo está perdido,

Aos solitários, depressivos; aos desiludidos pelo amor.

Senhor, perdoai os suicidas que pela vida são agredidos,

Fortalecei os pais, cujos filhos ingratos, choram tanta dor.

Senhor,

Levantai a sede de justiça e de amor em quem perdeu a fé;

Tocai nesses corações tão desprezados e aviltados pela própria nação.

Tantos mendigos, desempregados, viciados e assassinos na degeneração

A viver; eles só encontram portas fechadas e corações sem compaixão.

Olhai com piedade as donas de casas, os comerciantes e as escolas,

As crianças sob pontes que procuram pão nas lixeiras!

Perdoai-nos, Senhor, e ajudai aos que pedem esmolas,

A Tua Graça é o fruto consolador que cresce em nossa Videira.

Senhor,

Piedade de quem não encontra mais alegrias nas pequenas coisas,

Encontrai as ovelhas e os condenados com a tua luz graciosa,

Tua origem, Senhor, é a incógnita mais indecifrável e misteriosa!

Mostra-nos a tua essência quando a maldade humana é tempestuosa.

Desperta, meu senhor, os mansos de espírito que nada fazem pelo bem;

Do que adianta conhecer tanto a Tua palavra, visitar templos e orar

Se no dia a dia não queremos amar, ajudar, unir, entender e perdoar?!

Dizemos que somos irmãos, mas humanidade e humildade poucos têm.

Senhor,

Tende infinita misericórdia dos que não veem mais sentido em nada,

Do homem habitual, corriqueiro com seus afazeres e seus problemas.

Senhor, perdoai àqueles que buscam os prazeres das madrugadas,

Dos conformados com a corrupção e com seus próprios dilemas.

Vede os preconceitos a gerar discriminações e fingimentos;

Várias doutrinas não tocam e nem redimem a alma dos necessitados;

Amar a Deus pela política do medo é o refúgio e a arma dos fracassados,

Pois Deus supera religiões, templos, exegeses e envaidecimentos.

Senhor,

Até quando mais essas trevas permanecerão?

A vida se tornou em uma noite perpétua de calvários e de tristezas?

Senhor meu: desnudai em nós as nossas virtudes e fraquezas,

E que o Espelho da Graça nos reflita compaixão e singeleza.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 10/12/2021
Reeditado em 11/12/2021
Código do texto: T7404432
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