Lutar contra a Natureza

Minha cor nunca foi essencial

Desde criança acordo com os pássaros

Nem por isso, tive tratamento igual

E não ando ostentando lábaros

Combati a raiva com compreensão

E mesmo todo ferido, não me armei de ódio

Pra atirar no cego, que ainda é irmão

E não pretendo fazer dessa guerra um pódio

Minhas armas, foram as ideias e a caneta

Assim desenhei um novo caminho

O pretérito doloroso, abandonei na gaveta

Compreendo quem não caminha sozinho

Não foi otimismo ou força de fé

E sim garra e vontade de lutar

Da criança, que não tinha um sapato no pé

Que cedo viu sua família naufragar

Conhece, o ditado: você só vale o que tem

Pois, já trabalhou só pela comida e teto

Ainda foi grato, por sair da febem

E conseguir guardar ainda, algum afeto

No caminho ainda tinha pedra e buraco

Crime, drogas e por último o álcool

Receita pronta pra justificar um fracasso

Mesmo assim, negou -se a sair do palco

Viver tendo o abismo como companhia

Faz qualquer pessoa manter olhos abertos

Ver os familiares caindo nele, dia a dia

Faz acreditar em destinos insertos

Tanta perda pra morte e pra loucura

Trás pensamentos duvidosos nos dias ruins

Te faz pensar, que o mundo não tem cura

Como uma vida pode ter tantos fins?

A saga Queiróz ainda não terminou

Porém, vive-lá e ter uma certeza

Que contos de fadas não existem, e acabou

Que talvez, viver seja lutar contra a natureza