Um Pedido à lucidez da ilusão.

Eu peço à vida

Que todas as minhas certezas

Venham sempre abençoadas

Pela dúvida que as obscurece

Mesmo que em nada mudem

Pra que eu não me iluda também

E que possa prosseguir

Vivendo de morrer

Como tantas vezes fiz

Com a fleuma da alma ativa

Que viu secarem mil jardins

E que era amiga de uma flor em cada um

Pra que a vida me guarde

E que eu não me sinta jamais

De posse de verdade alguma

Pois é isso que torna os tolos

Incapazes de rir à toa

Naquela hora boa

Em que a gente tropeça

E que eu nunca me esqueça

Que flores se vão

E as quedas vem

Quanto à sabedoria

Por enquanto eu não a tenha

Pra que assim

Eu possa me perder completamente

Pois gosto de ficar

Pra bem distante do que eu vejo

Quando me vejo

Diante da insanidade tamanha

Encontrada no falso equilíbrio

Travestido de força ... e certeza

A beleza da vida

É sabê-las inexistentes

Mas a graça maior da vida

É vê-las mundo afora

Nas caras dos que as tem nos bolsos

e as trazem nas falas.

É por isso que eu peço à vida

Pra que me afaste desse subterfúgio

E me traga a certeza

De todas as minhas dúvidas

e minhas fraquezas

Quando a mentira jurada

Se torna verdade com o passar dos anos

À vida eu não peço mais nada

Peço aos olhos luz

Como num prisma

Pra que enxerguem a alegria

Mesmo que pouca

E que ao final do dia

Decantada ela seja

Mesmo que não mudem nada

E sejam rudes

Rudes, qual poesia que ora faço

Contrastando esse mundo suave

Ao qual não pertenço

E que cada olho a veja de uma forma

Apartando aquilo que são normas

daquilo que eu chamo bom senso.

Edson Ricardo Paiva.