O cristal
Por um globo de cristal,
Miro agora meu amor,
Fez-se lente natural,
Um trote da luz,
uma estranha condição
Quando a fito, me escapa,
Ela baila, ela flutua,
Eu a busco, mas ela chora;
Peço que não vá embora,
Como persisto, também fica,
Mas nada que eu faça lhe indica
Ser eu sua companhia perfeita.
Estou distante, estou perto,
Mantenho a espreita,
Meu olhar preciso, meu amor incerto,
Não entendo porque é triste,
Noto que, para me olhar, insiste
Num intenso focar sem resultado,
Total falta de percepção.
Eu poderia estar melhor posicionado,
Mas, em minha mente encarcerado,
Escravo de minha própria limitação,
Só agora compreendo o que ocorreu,
Eu nunca havia considerado,
Aqui do meu mundo egoísta,
Que, de seu ponto de vista,
Quem estava invertido era eu.