No avesso das palavras

dormem os sentidos.

Vetores intensos repletos

de sentimentos e contradições.

 

No avesso das palavras

há fonemas fugidios,

há suspiros nas pausas,

há a insanidade da vírgula.

 

Dentro do texto, na construção

lógica e convincente

Há retórica.

Há dialética dolente

a pedir compreensão e adesão.

 

Muita dialética, por vezes,

violenta. Estupra a lógica.

Espanta o ouvinte.

E atordoa a quem dormia

em alienação profunda.

E, na realidade doente.

 

No profundo miolo do texto, onde os brados

retumbam em parágrafos densos.

Nossos medos ecoam.

Porque podemos não ser ouvidos.

Porque podemos ser ignorados.

Porque podemos, sinceramente, ser traídos.

Trair, sem o perceber...

 

E, na solidão do abandono.

Entender tudo conjuntamente.

Apreender toda a realidade, reciclar

e levantar a voz,

como se fosse o último grito da humanidade.

 

Um gemido.

Uma criança.

Uma alma.

E, uma mera lembrança.

Fomos irmãos, companheiros,

fomos humanos e,

agora, somos, todos nós

apenas vítimas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/02/2022
Reeditado em 31/03/2022
Código do texto: T7462312
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