Voraz coragem,
eis o que não me rareia,
cedros e muros de puro
medo,
eis o que me sobra.

De um lado, sem sombras,
me abato às figueiras
pomposas,
e lembranças as quais
batizo,
em pleno sol morno
de outono,
sem festas de rainhas,
me plaino, descalço, ao
no desafinado ano de 1800,

um ano de sombras, que já habitei.

Rara fuga dos covardes
no absinto da cor:
me volupeio no corcel
e me rendo, indefeso,
às rendas e imprecisas
verdades, - verdades
tontas - calço dos deuses,
e que me acalentam suspiros
de dó:
um mundo só,
que só roda pra seu lado -
foi o que recebi.

Ah! vã esperança de
conquista
neste aval de
memórias semi-mortas!

Cá estou eu, avelado
às macieiras cujo maior
evento é
querer seus lábios
em aviz e mármore puro,
e quanto me acalenta !

Cá estou eu,dissipado,
algoz e dissidente
com puro medo
de voltar a perambular
pelo teu corpo
e sempre a gostar.

E por favor, no amistar do sol,
não se esqueça mais de mim,
e, sinto, augusto,

 me resgatar
 ao rei dos césares -

que me chameia -

e lá sinto -
nunca me deixe!

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 20/03/2022
Reeditado em 22/03/2022
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