[Enganados ou se enganando?] (Dueto)


O cérebro informa
A mente elabora
O pensamento...

A mente engana ou se engana?
Pensando bem...
Há evidência
Que tanto
Engana
Quanto
Se engana...

E talvez seja por isso
Que muito se ouve
“errar é humano”...

Há enganos conscientes
Até premeditados
Tipo Falke News...

E, também enganos por desatenção
Ou mesmo por falta de “conhecimento” ...
[Haverá alguém 100% lúcido, consciente de si?

Eu, sei que não sou...
(nem sei se quero)

Mente lúcida?
Às vezes...
Mente “alucinada”?
Quase sempre...
Acordada e desperta...sempre?
Quem dera!... Quase nada
Vida dormida... Ou sonhada
E quase toda [em seu tempo]... “perdida”
Ou mesmo num marcar de passos...
Talvez, consumida pelo apego ao “nada”...
Porque, paradoxalmente, “ter” bens
E não se permitir “ser”...
É um “nada” ter,
Porque
No findar de nosso tempo
Tudo que se juntou
Sobre a terra
Ficará...

Quantos de nós juntando bens
Não se dá conta de que se vive
no tempo, a desperdiçar a Vida?

Quantos de nós
Lamentará
Diante
Da cal?

Quantos de nós não se “desesperará”
porque os mortos não podem sentir
ou usufruir o “nada”, seus bens?

Quantos de nós
Lidará com a angústia,
O medo, o desespero e o apego?

Vidas dilaceradas...
Cheias de bens
E, vazias...

Quantas histórias tão semelhantes
De loucas corridas contra o tempo
Vivendo pelo ter sem ser...

[Vive-se enganados
Pela mente?

Quantos Espermatozoides que vigaram n’um útero,
mas que depois ... de “formados”, não vingaram
no viver de seus prazos (no mundo)?
(Vidas abandonadas...
Ou negligenciada...)

Almas vazias... de... tudo
Ou cheias... de nada....
Vidas apagadas...
Ou que se apagaram... no tempo...

Terão sido, todas elas,
Enganadas pelas mentes
Ou se deixaram enganar?

Passaram, é verdade, no tempo...
Mas apenas nele... passaram
Não viveram...

Voltam, as almas,
Como aqui chegaram
Esvaziadas de si mesmas?

Lamentosas
Por que perderam o tempo...
Ou deixaram a vida ir... embora?

Vida sem sentido (a qual foi dada... para as mortas vidas)
Ou que não quiserem... “senti-la”
Validá-la...

E, diante da morte
Co’as mãos
Vazias...

[Se culpará a mente pela vida de enganos?

Quantas vidas teremos que passar?
Quantas mortes precisaremos [ainda] provar?
De quantos vazios mais precisaremos nos desapegar?

Até quando debitaremos na conta da mente
as nossas escolhas?

Ah, Vidas dormidas!
Necessitando acordar e despertar de seus sonhos..
Porém, para tal precisam saber... que dormindo ainda estão
(e qu’estão apenas... sonhando) Ou será que precisariam... morrer?
Contudo, quem quer morrer para destarte acordar?

[Ai de nós, ai de nós!
Enganados ou se enganando?





Juli Lima e Cássio Palhares






















Bonnie Tyler - Turn Around (Ouça)













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