O beijo de Judas

Um beijo, um só beijo e nada mais,

que jaz embalsamado na memória,

selou uma versão da longa história

contada todos dias nos missais.

 

Um beijo que morreu e hoje jaz

na boca sequiosa do pecado,

qual um velho batom impregnado,

que se desgasta e nunca se desfaz.

 

Um beijo, um só beijo, quem diria

pudesse impor a grã filosofia

que grassa, mundo afora, desde então.

 

Um beijo, previamente anunciado,

que impôs à cruz e à forca um legado,

e chora, há dois mil anos, por perdão.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 16/04/2022
Reeditado em 02/04/2023
Código do texto: T7496379
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