Amargor

A Náusea já não acomete

o meu ser, ele a repele;

não suporta desfalecer

quando submerso está

a sentir o seu desaguar

demasiado indelicado.

O que me restou

da sua presença indolor

foi somente o Amargor

que impregnou o meu olhar,

tornando-me descrente

em relação a tantas coisas

que adoeciam a minha mente,

embora fossem inexistentes.

Há traços do Obscuro

no meu caminhar hesitante.

Já não posso ser como antes!

Divagante, a criatura errante

que em mim faz morada,

por vezes, estagna na estrada

e observa a estremecer

a multidão que desfila

sem porquê nem para quê

na passarela do maldizer

que corrói o pensar

daqueles que por ela

ousarem andarilhar.

Nada falo, tudo escuto.

O soberano saber é mudo.

Jeane Tertuliano
Enviado por Jeane Tertuliano em 09/05/2022
Código do texto: T7512494
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