TURMA QUE NÃO VALE O QUE COME

A decepção

É a marca da desilusão

A que se paga pra ver 

As iniquidades

Quais ervas daninhas

Se multiplicarem,

Encontrolavelmente crescerem 

No solo fértil para nulidades 

Neste Pátrio Chão vicejarem

Enquanto o pobre povo brasileiro 

No cativeiro 

Da dor e da privação ,

Passa fome!

Mas aqui, tudo está bom!

Se dá o tom

De se pagar uma fortuna

Para uma turma que não vale

O que come!

Quem toma conta

Do que não lhe é da conta ,

Na indecente partilha,

Trilha da festança

De uma quadrilha

Que na bufunfa mete a mão,

Contumazes espertalhões

Se digladiando na comidilha.

Sabe o espertalhão

Que a muamba

Não lhe cabe,

Mesmo assim,

Para si toma

Boa parte do bolo,

Se lambuzando

Na mamata,

Tremendo rolo

A que se presta

E a seu irmão

De fome mata !

Que lambança!

Que festival 

Da desolação,

Baile dos horrores : Salatião 

Se refestela

No banquete,

Mutreta, joguete

De tubarões

Sedentos de sangue, devorando

Seus confrades tubarões

No bacanal,

Regabofe, comilança,

A que se presta

A turma que não vale

O que come,

A se esbaldar

Na festança,

Enquanto seu irmão 

Passa fome!