às claras (após 3 anos de silêncio e medo)
não era paranoia
minha intuição
me aconselhava
o mesmo ciclo
de obsessão
se reiniciava
mudavam os nomes
aqueles monstros
sem escrúpulos
da impunidade
bem conscientes
da indignidade
eis o pretendido
me enlouquecer
e também me isolar
culpas insanas
no peito nutri
quando era inocente
o não
nunca
foi não
de tempos
em tempos
o monstro
se achega
o medo
fez dele
vencedor
me aprisionar
aos mil achismos
do moralismo
a superioridade
envolta de inveja
destruir é o lema
não era paranoia
a intuição alertava
sempre estive certa
o não
nunca
foi não
se não pode ter
eu também não terei
e assim segue o jogo
não tenho dragões
para derrotar o monstro
mas tenho minha voz
o silêncio me sufocou
tentando ser invisível
abandonei meus sonhos
sabe-se lá
se o monstro
não vai voltar
não me parece justo
desistir da batalha
só porque
o não
nunca
foi não
haverá represálias
choro e ranger de dentes
algumas armadilhas
e também a determinação
de quem crê na colheita
e volta ao campo de batalha
não era paranoia
dizia minha intuição
nunca estive tão lúcida
- às claras