Digníssimos senhores

Neste descampado árido vazio de sentido

Torna-se um empecilho viver

Palavras débeis arranham ouvidos desavisados

E visões rastejantes ferem olhos inocentes

Esculturas banhadas em rachaduras sorriem

Escaladas por vermes enlouquecidos

Monumentos ao conhecimento reluzem

Lambidos por moscas esfomeadas de podridão

Discursos inflamam cegos corações

E guiam passos perdidos até o fim

Numa barreira humana instransponível

Onde cabeças se chocam até rachar

E racham banhadas em ouro

Enquanto são devoradas pela rotina

Passam pelo portal de pilares profundos

E se afogam no negro mar da mesquinhez

São insetos perdidos nas luzes transitórias

De paixões inúteis e amor incompreensível

Atolados em garras de fama ilusórias

Sufocam como o peixe que salta para a morte

Sem saber que existe o infinito lá fora

Fernando Domith
Enviado por Fernando Domith em 21/06/2022
Código do texto: T7542334
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