Castelos de Areia
O mundo de arquitetura solúvel em seus fundamento de fantasia,
Sua estrutura volúvel se apoia no imaginário de um amor platônico.
Seus esteios estereótipos se afundam no mar profundo da ilusão,
E nada se sustenta ante as ondas tenebrosas do real.
Seus inimigos estão à porta, armados até os dentes, bravateiam...
Suas paredes são rotas, de pedras e portões de areia e pó
Seus soldadinhos não são de chumbo, de areia também o são,
Suas espadas e lanças, seus escudos e armaduras se desfarão.
Cada passo que eles dão, cada golpe desferido, para nada servem
Cada esforço redunda em nada, e a derrota certa logo vem.
Gritam enormemente em silêncio, não se pode ouvir suas vozes
Esmaecidas por entre o medo e o desespero, vigor já não tem.
Ver-se-á pelas portas, janelas e portões, entrando seus algozes
Armados a punhos de ferro, com cede de vingança. Cala-os
a boca, silenciam sua voz, encerrando sua coragem nos
calabouços da agonia, secando-os a garganta, à ferro e a frio.
Por fim os seus olhos fechando-se lentamente como vem o ocaso
A cada verdade o seu ocaso de grãos estéreis, de areia sem betume
A cada insurgência sua iminente derrota. Mil vezes se levantará e mil
Vezes cairá. São castelos de areia, são verdades que se constroi e
que para nada servem senão para outra vez cair.
Gesiel F. de Melo