Agora
Agora que o silêncio se fez
entre ondas nesse mar revolto,
minha lembrança se desfez entre sonhos.
Deixa-me ser entre urgências.
Não perturbe esse enlace,
com palavras cruas e nuas.
Quero ser feliz entre cânticos.
Amar sem medo, sem sofrimento.
Agora que tuas mãos me enlaçam,
tuas palavras obscenas me cativam,
o que mais posso querer?
Só um beijo antes que partas outra vez!
Eu não tinha esse rosto, nem essas mãos.
Só tinha esse olhar, assim triste, assim calmo.
Agora tenho poucas palavras e desatino,
entre saudades e desejos de rever-te.
Porquê partistes deixando nua essa cama?
Deixando minhas imperfeições, meus desejos?
Agora só me resta essa espera, essa angústia,
oprimindo meus sentidos nessa febre e soluções.
Caótico renascer dessa paisagem amorfa.
Reticente manhã dos meus sentidos tênues.
Agora a espreita dessa estrada desabitada,
sobressaltos com teus aromas e meus clamores.
Será um novo navegar em ondas calmas?
Será que matarei meus desejos nesse abrigo,
nesses instantes de retornos, rupturas e descuidos?
Agora já não sei alçar voos entre tédio e reticências...