Batalha na baía
Adriano nadou
nadou
e nos espantou
nadou com a leveza dos inocentes
criança que só os milagres explicam
ou que as brincadeiras ensinam
e mesmo que a baía estivesse revolta
a probabilidade misteriosa lhe conduziu para a praia
E falando de revolta
daquela indignação que trinca os dentes
digo que o anúncio há tempos se fazia
na precariedade em que se tornou a vida
a lida de quem vive no Arari
De lugares que dependem de transporte fluvial
com empresários que tentam imitar os ônibus
e sua indignidade de socar gente pra dentro de suas carteiras
Mas ao contrário do ônibus que quebra na pista de asfalto e lá fica
o Rio-Mar continua na sua batida implacável
engole tudo aquilo que construímos com nossa arrogância
afunda naus despreparadas
e faz chorar a gente pelos marajoaras que partem com essa negligência
Pois quando Adriano nadou
fez jus ao seu sobrenome Batalha
e nos lembrou que os pobres batalham
onde só se alcança o sossego desta luta se cobramos respeito
Não mais a sucata!
Não mais a gambiarra!
Sim para uma navegação responsável e segura!
Para olharmos sem medo a imensidão das águas
e contemplar em paz os Encantados.