Colheita
O amor é um sentimento raro.
É um ato de abnegação.
Mesmo quando aos seus olhos existir alguma revelação.
A gente nega. Se apoia no anteparo.
Segue tateando esse caminho caro.
É época de colheita.
Sequei as lágrimas com os espinhos que cultivei.
Reabrindo as cicatrizes indeléveis e invisíveis no rosto.
Derramando a cor daquilo que desbotei.
Sobrevivi ao pior até aqui.
As marcas que carrego não são medalhas.
Apenas representam quem fui e quem sou.
Não há beleza na dor.
Mas há memória.
E há lembrança.
Para permitir que cada flagelo não me torne igual aos meus algozes.
Fazemos de tudo para não encarar a nossa própria alma.
Mas todo aquele que olha para dentro, desperta.
E, é nesse momento, que o sentimento caro
que tanto aperta
é visto como raro.
E aumenta a dificuldade sobre quem é a certa.