Dois presentes num dia.
Na descida do ônibus ela me aborda,
com a caneta na mão indaga se é minha
uma vez que no chão do carro ela tinha
encontrado a caneta bem perto da porta
A intenção na conduta, minh'alma exorta,
augusta, excelsa em tão delgada linha,
do gesto daquela senhora, sozinha,
para humanidade, o que mais importa.
Mas, tocado de espírito, eu disse que não,
que aquela caneta minha não era.
Mesmo assim ela disse, fique com ela,
colocando a bendita na minha mão.
A cavalo dado não se olha os dentes,
e aceitar a graça não me é dilema.
Então fiz da graça esse meu poema.
Em vez de perder, ganhei dois presentes.