Tudo é silêncio
Não profane o meu silêncio, meu idílio.
Meu silêncio é tudo, minha vigília, meu sossego,
meu afastamento. É um estar e não estar!
No silêncio me descubro, me desnudo, me amparo.
O mundo não tem mais silêncio. Não, não tem!
Queria escutar a voz do silêncio, nenhuma palavra, nenhum ruído...
Palavras consumidas nesse dia a dia, me sufocam, me inquietam.
O silêncio é um mar de ondas calmas, perenes mares sem ondas!
É quietude que alimenta, nutre meus versos e pensamentos.
Não dizem nada esses borbotões, esses vômitos, essas banalidades.
O silêncio não grita! É remanso, meu âmago das coisas ditas sem eco.
Prefiro o silêncio que me alimenta, o ruído do sossego disseminado!
Deixe-me ficar aqui entre minhas indiferenças e incompletudes.
Hoje te dou meu silêncio, minhas inquietações, sem tempestades.
Tudo dorme e me afaga, quando o silêncio resplandece,
quando me deleito, quando ele inquieta minha essência, meus desejos.
Sem pressa, sem palavras, sem encontros ou desencontros,
só silêncio se derramando nessa paisagem, em meu leito.
Vou procurar os dissonantes sons do silêncio que me confortam,
que me alimentam de paz, derramando crepúsculo, fragrâncias, poesias!