PREÂMBULO

O vento que sopra - hoje açoita e fere mnh’alma

Era quem dantes, com sutileza me acariciava...

A noite que em seu colo me ninava como uma criança

Tornou-se tão escura, como breu, como um forro

Me sufocando, me fustigando, me afogando...

Cá dentro, não me alenta mais a calma- Morro!

Minha esperança se desfez, esmiuçando os sentidos

Me restam poucas forças, alguns suspiros...

Entre sussurros e gemidos, ainda insisto e sigo...

Doravante, tateando no escuro, palmo a palmo

E na penúria dos meus passos, já cansados

Vou apenas carregando o meu fardo possuído, calmo...

Há uma luz no fim do túnel, com certeza!

Mas que é que me aguarda no pós da ilusão concreta?

Por certo algo novo, novo acerto!

Talvez uma nova descoberta!

As pedras, que me ferem os pés da consciência amarga

Instigam minha lucidez, me impõem uma dura queda!

A culpa de ser alvo de minha própria farda esfarrapada

E visto, com dificuldades, uma surrada personalidade

Um “eu” que nunca fui... Um mal imposto, uma sina...

Como algo forjado em uma oficina de horrores...

Destituído dos amores, destronado de honrarias!

Uma armadura, pesada, forjas nascidas frias...

De um metal brilhante, porém frágil e insensível

Me faz guerreiro sim – por fora!

Por dentro um decrépito cavaleiro invisível, moribundo...

Não deixo marcas ou troféus – nenhum exemplo bom

Das esmolas recolhidas pelas andanças sem sentido

Deixo títulos! Deixo Diplomas! Manchas desse mundo!