Centelha angustiante e esperançosa

No penhasco do vácuo que há em mim,

O suicídio se insinua como a saída,

Mas a morte espreita, vil e sem fim,

E me sussurra: "não há outra vida".

A angústia me consome, em chamas ardentes,

E a desesperança me inunda com o furor de suas águas.

Pois a vida me parece um labirinto sem rentes,

A vida é uma seara que sempre sangra joios e mágoas.

Fecho os olhos e busco tocar a veraz poesia,

Mas, mesmo ela, não é capaz de me salvar,

Pois a razão me fere com a frieza de cada dia,

E me leva ao limite do meu desesperar.

Mas ainda assim, persisto em lutar,

Pois a vida, ainda que vazia, é preciosa,

E à sombra da morte, há uma luz a brilhar;

Há uma esperança que me guia, gloriosa.

Assim, agarro-me à vida, sentindo toda dor de viver,

Pois mesmo que o vazio insista em minh’alma dominar,

Ainda resta em mim um fio de amor sem desvanecer,

Que ainda me faz, nesta vida ilógica e doida, continuar.

E quando chegar enfim a maldita hora final,

Talvez não haja nada: nem redenção ou perdão.

Mas, pelo menos poderei ter amado algo afinal,

E este amor voará além do meu caixão na escuridão

[E encontrará novos ninhos para criar vidas e compaixão.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 17/02/2023
Reeditado em 17/02/2023
Código do texto: T7721591
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