planeta de cores

algum lugar além do etéreo

evitado por descuido ou por medo

cativar já não está mais em questão

fora vencida pela emoção

exprimidas no silêncio

as palavras formam-se

e saem mudas

o nó fica mais apertado

um bolo

de frases intermináveis

próximo ato do monólogo

começa depois do intervalo

paradoxo em corda bomba

dente-de-leão

frágil

breve

todo esse tempo

o aperto no peito

noite cálida

amontoados de tarefas

a lista nunca acaba

se ocupar as horas cheias e também as vazias

e tornar a repetí-las

amanhã

depois de amanhã

as horas ordinárias se consomem em cinza

da situação

controlar todas as rédeas

com pretextos mil

viver outras tantas mil vidas

fechar os olhos

para a sua própria

viver sem acreditar

nada esperar

chamam isso de apatia

cada qual chama como bem quiser

racionalizar

o sofrimento pode ser evitável

distintos prólogos

previsível ponto final

esperanças adulteradas

outrora atendia por outro nome

tinha um encantador par de olhos castanhos

e espírito livre

a sensibilidade falou mais alto que a razão

tão bonito e doce no início

o peito respirava aliviado

tempo perdido

maldita negação

adaptações de gosto duvidoso

não passam de cacos quebrados pelo chão

não se cura coração partido

embriagando-se de veneno

viver sempre a mesma história

esperando um final alternativo

o trem partiu bem cedo naquela estação

ninguém

nunca vem

para ficar

autopiedade dispensada

não há tempo para lágrimas

respirar medo

agiganta o nó na garganta

não se sabe quando será o momento certo

seu coração ainda não é blindado

tampouco feito de metal

aperta tanto

não deveria doer tanto assim

amar.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 12/03/2023
Código do texto: T7738915
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