BLACK OUT

BLACK OUT

Como as formigas

Obreiras trabalhadoras incansáveis

De todas as Idades

Não cessam o zumbido

Inventam, gritam,

a beleza fugitiva

a felicidade morta

a magia a maravilha o Amor

Faça sol ou brilhe a lua

Chova ainda

ou um calor abrasador tome conta da terra inteira

Infatigáveis pobres os diabos

versejam, recitam e exibem-se

Exibição que raia o indecente

Egoísmo selvagem que transborda

Pára raios que vaza a todo o custo

“estou aqui… existo… sou

reparem…comprem…levem…

amo-vos a todos e vocês amam-me a mim”

Somos talvez pobres coitados

Ainda que o mundo estale em fogo e artifício

Nada importa por muito fútil que pareça

Às vezes, fecho as portas e janelas

Isolo o fogo o frio a noite ao longe

Escureço

Esqueço

Desligo os sons

Deixo cair o pano do teatro

tudo se esvai como num esgar

faço o blackout absoluto

Então,o sono invade a pradaria

Os sonhos rebentam na praia mar

E, muito depois então,

Numa manhã qualquer

Acordo tonto e vacilo

A ouvir a música

José Manuel Serradas
Enviado por José Manuel Serradas em 03/04/2023
Reeditado em 12/04/2023
Código do texto: T7755602
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