O triste fado humano

Nas profundezas da terra fria e escura,

O corpo jovem repousa, sem ternura.

O solo abraça seus membros tão cansados,

Enquanto o coração já está silenciado.

A terra, então, o acolhe em seu largo regaço,

Num abraço de paz, onde encontra o espaço.

O tempo vai comendo o corpo com tal velocidade

Consumindo a carne em uma brutal voracidade.

Os ossos frágeis resistem ainda ao tempo,

Enquanto o corpo se desfaz lentamente.

A podridão se espalha, em putrefação,

Numa sinfonia macabra de decomposição.

Os vermes são os convidados da festa,

Que devoram o corpo, sem alguma pressa.

A pele, outrora cheia de vida e sorridente,

Agora é um manto pálido, frio e decadente.

Os olhos, o rosto, a voz e os planos se liquefazem

Enquanto o corpo e os sonhos agora no túmulo jazem.

Aquela contagiosa juventude, um dia tão brilhante,

Agora é cinza, pó e sombra esquecida e constante.

Mas o espírito, ah, o espírito, talvez exista além,

Livre da doença, de tal dor que não merece ninguém.

Debaixo da terra, encontra o silêncio do seu destino,

E o mundo continua, como se eu nunca tivesse existido.

Assim é a vida de todo homem, um ciclo implacável,

Pulsavam manhãs em meu jovem corpo vulnerável.

Mas, no ocaso, na terra, tudo e todos encontram seu fim,

E o espírito, quem sabe livre, encontre outra vida, enfim.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 16/06/2023
Reeditado em 16/06/2023
Código do texto: T7815065
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