Somos Seres Permeáveis

No turbilhão de culturas que nos invade,

Somos seres permeáveis, confidenciais,

Ecos de um mundo vasto, múltiplo, incorruptível,

Em nossa mente, presentes são hospedais.

Heranças sorrateiras infiltram-se em nós,

Mesclando-se ao nosso cerne interior,

De tradições distantes a tantos outros véus,

Novas perspectivas empreendem com vigor.

Não há quem se exima dessa influência,

Mesmo que inconscientemente a receba,

Pois nossos passos ecoam ressonância.

Somos arcabouços culturais, uma teia,

Onde fios se entrelaçam com astúcia,

Numa metamorfose que sempre permeia.

Não há que se negue essa mestiçagem,

Pois é na troca que evoluímos sem fim,

A cada influência que nos assalta a viagem,

Expandimos horizontes, rompemos o ruim.

Então sejamos esponjas, absorvamos saberes,

De diferentes povos, línguas e costumes,

Pois é na diversidade que encontramos prazeres,

E enriquecemos nossas almas e volumes.

Erguendo-nos além da antropologia,

Emaranhados na teia cultural mais ampla,

Arquitetamos nossa própria trilogia,

Numa dança eterna que se multiplica.

Somos impermanentes, mutáveis, fluidos,

Imunes à estagnação e ao isolamento,

Compartilhando o que nos é sublinhado,

Num intercâmbio de aprendizado e alento.

Percebamos, assim, que a arte de ser humano,

Implica em ser receptivo e colaborativo,

Não importa origens ou lugares a que pertençamos,

A cultura conspire, deste solo somos nativos.

Somos seres de muitas cores e matizes,

Frutos de um constante entrelaçamento,

Uma rica tela onde a vida improvise,

E o mundo se revele em nosso firmamento.

Oh, aculturamento, inspiração divina,

Tu sentias a pulsação de nosso encontro,

Em corações que se abrem e se afinam,

Somos folhas num livro de um só autor.

Tecer nossos fios na vastidão cultural,

É o que nos faz transcender, crescer e amar,

É a chave que liberta de qualquer mural,

Nos tornando seres de cultura universal