Tudo é a(deus)

Na fronte viva surge a sombra da partida,

A morte nos vigia, como sombra à espreita.

Desponta em quieta névoa, calma e discreta,

Para, em silêncio, encerrar o alento de toda vida?!

A morte é fera que na sombra se esconde,

E traz consigo em mãos o fim do caminhar.

Mas morrer é também mistério a desvendar,

É um elo que a vida nem some e nem responde.

No fim da estrada, a morte me espreita,

Silente e paciente, a ceifar-me a sina.

É o encontro inevitável, essa vil partida,

É o adeus ao primeiro instante da nossa vida.

E, em meio ao breu, vislumbro um lampejo

De um sorriso breve, de um adeus sincero,

E o olhar sereno, leve como um beijo sagaz.

E o penúltimo olhar a tudo que de amar fui capaz!

E, ao contemplar e tocar a vida assim findada,

Parto-me, em versos, com a morte abraçada,

Vendo que o fugaz é eterno e o eterno é fugaz.

Derramando lágrimas e risos por esta breve jornada.

Mas, mesmo em meio à tanta sombra e ao breu,

Na morte vejo claro algo que a tudo transcende,

Quem sabe seja a luz que do vazio me estendeu,

Será que o ser viverá ou pra sempre morrerá, a(deus)!

Tal qual a chama cuja esperança nunca se apaga,

Enquanto o tempo, sempre insaciável, me afaga,

Legarei ao mundo esta verdade: “tudo é a(deus)”.

E agora o último sopro de vida e amor cai e se cala.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 05/08/2023
Reeditado em 07/08/2023
Código do texto: T7854049
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