Triste Fado

A malga foi esvaziada de vinho.

Está tão vazia como eu de esperança.

Deixa nódoa na alma e no colarinho

A quem embebeda esta lembrança

De que se cai morto sozinho.

Ai que amargo este fado que se canta.

A cada noite canta-se mais triste.

Mas de quem é esta pobre garganta

À qual a curiosidade não resiste?

Até a noite se detém e se encanta.

O silêncio é tudo quando a voz se calou.

Queima a boca dos que vieram beber.

Por entre os dedos das mãos tudo passou:

Todas as palavras que ficaram por dizer

E todo o sonho que nunca se concretizou.