Encontro com o medo

 

 

De repente o medo me visita,

E eu que não aprecio o medo,

O vejo como que adversário de mim,

Meu impulso será sempre o enfrentar,

Ainda que em desvantagem

Não me conformarei em não lutar,

Porém, não quero ser abatido em vão,

Então, há que se ter um combate

Que o adversário honre a batalha,

Pois que eu honrarei o confronto.

Que se prepare para enfrentar minha irá ‘santa’,

Que entenda que só pacífico em Deus,

Pois que não sendo por Ele,

Serei vingança a perseguir

Que pensar estar em condição de caçador.

Caçarei até vencer o que me venceu,

E sendo vencedor não sentirei glória alguma,

Mas apenas a sensação de corrigir o que me perturbou.

Sei o que é o ódio,

Mas aprecio muito mais o amor,

E talvez por ele,

Eu renuncie a meu impulso de revide.

Não recusarei o perdão,

Mas este terá que ser conquistado pelo mérito,

E isto vale para os outros e para mim,

Pois que não sou melhor e nem pior que ninguém.

Minha alma ígnea é impaciente,

Mas minha razão é a força que me controla,

Pois que ainda que cavalo selvagem

Eu próprio sou dono de minhas rédeas.

E mesmo aprisionado,

Que saibam, sou liberto!

Minha liberdade é inalienável,

Sou criatura do Criador,

E apenas a Ele me alieno,

Pois que de resto,

Apenas eu sou meu proprietário

E desprezo todo aquele

Que quer colonizar ao outro,

Mas me encanto com o esforço comum

De sermos uns pelos outros.

Sou potência em individualidade,

Mas não adulo a força

Embora ela mim pareça existir,

Então antes de temer aos outros.

Temo a mim mesmo,

Não por ser algo,

Mas por sujeito dono de meu verbo,

E ainda que sinta ser tempestade

E apreciar o encanto dos raios e trovões,

Haverei de querer ser chuva mansa e paternal,

Quando um dia solo fértil quiser me acolher.

Pois que em mim guardo benção e castigo,

Mas em podendo escolher

Pedirei por ser bênção.

Pois eu próprio temo o castigo que posso produzir.

E então depois de escrever estas estranhas linhas,

Me olho face a face, não me vejo, mas me sinto,

E neste sentir me guardo de tudo

E me recolho e minha própria solidão.

 

Gilberto Brandão Marcon

02/09/2023

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/09/2023
Código do texto: T7893441
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