Fósseis, dualidades e estoicismo
Eu que sou, inevitavelmente,
Fraco e forte,
Resistente e frágil,
Vulnerável e vital, labor.
Como argila.
A impressão de um animal que depara-se com a argila.
Vão abrigar o útero do fundo dos lagos.
Insistir, interromper.
Servir, fazer vista grossa.
Agir, padecer.
Como ser ativo e estar passivo,
Como querer e poder, potência e potência.
Isso é necessidade.
Se eu tenho um propósito
Mais ou menos do "mundo" ou meu,
Mais externo ou mais "internalizado",
Mais ou menos pessoal ou corpóreo,
Mais ou menos racional ou irracional.
(O que acontece no corpo, não sei.
Ou sou egoísta; se, volto-me contra o mundo.)
Eu estou lúcido.
Estou seguindo os desígnios obsoletos da vida.
Estou invariavelmente servindo ao propósito surdo e mudo
Do universo.
Isso é necessidade.
Não tenho qualquer escolha.
E sob a máscara do impessoal eu já a fiz.
E estou a cada momento a fazê-la,
Continuamente.
Eu sofri e não tenho remorso.
Quem terá me lesado?
Inimigos? Nunca existiram.
Eu tenho escolha e a resposta é não.
É melhor não.
Prefiro não...
[ Observação: Muitas pessoas não entendem e estão longe de entender o conceito filosófico de "necessidade", e por consequência o conceito de "contingência", por extensão os conceitos de "ato e potência" e, de forma ainda mais terrível, a maneira em que se pensa sobre a "Liberdade".
Não falo aqui de um lugar de mera erudição. Não podemos tirar de vista o propósito da filosofia e da própria poesia no geral: pensar a vida, para viver de maneira digna. ]