CARTA DA GATINHA SERENA

 

Não tenho nem um ano de vida.

Não tenho um lugar para morar.

No meio da rua, eu fui jogada.

Sem ninguém para de mim cuidar.

 

O poder público me ignora, não sou nada.

As pessoas na rua, só faltam me pisotear.

Mais um ser invisível vagando sem finda.

Sem comida e sem ter onde descansar.

 

Às vezes cruzo com alguém que me dá comida.

Que me olha com afeição e muito penar.

Me faz carinho e me deixa esperançada.

Depois, diz que não pode me dá um lar.

 

Sem ter cuidados e vida estabilizada.

A prenhez me pegou para morada.

E agora? Os bebês na rua, vou gerar?

Em algum lugar úmido, sem pousada.

 

Como eu, milhões estão nessa contenda.

Só a procura de alguém para nos amar.

Pedimos tão pouco em contrapartida.

Quem poderá por nós lutar?

 

Somos pequenos, frágeis e sem guarida.

De políticas públicas precisamos para castrar.

Não falamos, como podemos achar uma saída?

Não somos da rua, nem sabemos nos virar.

 

Está na hora dos conceitos sofrerem uma virada.

Pois somos seres vivos com sentimentos a mostrar.

Gostamos dos humanos e de acariciá-los sem reprimenda.

Temos muito amor para distribuir e fofurice para ofertar.

 

Só pedimos uma chance para essa acolhida.

Pois é muito triste não podermos nos salvar.

Eu, hoje, fui das ruas, provisoriamente tirada.

E os meus bebês ao relento não vão rebentar.

 

ABRA O SEU CORAÇÃO E O SEU LAR, TIRE UM ANIMAL DA RUA PARA AMAR.

 

 

 

 

 

 

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 06/11/2023
Reeditado em 06/11/2023
Código do texto: T7925536
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