O poeta enluarado

No copioso caminho calmo,

O vórtice do vento vem e vai,

Sussurrando ledos segredos

Sob o silente sol que sempre cai.

Nas noturnas noites nuas e nítidas,

Lá e cá, está a Lua lânguida e linda;

O rio e o remo luzindo lágrimas leves,

E as leves lágrimas reluzindo pelo rio.

Os pássaros piam e planam nos planaltos pálidos,

Entre sombras serenas, sopro e suspiro cálidos.

E todas as vívidas vidas, loucas e líricas se alimentam

Em letras, laços, traços e línguas que se fomentam.

No recanto do canto, o canto canta e se consola,

Em murmúrios maternos, a melodia se enrola.

Simples sons, relevos e segredos se semeiam

Pelas mãos do poeta que na linguagem passeiam.

À beira de si, o aluado poeta escreve, enluarado,

Entre risos e prantos, o existir desentranhado.

A Lua, lâmpada lírica a luzir, cria grávidos cenários,

E o poema, celeste óvulo branco, é com amor fecundado.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 07/03/2024
Reeditado em 13/03/2024
Código do texto: T8014639
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