Náufrago

Nas manhãs, sobrevivo,

Nas tardes, adormeço,

Nas noites, me perco.

Ao sobreviver nas manhãs, sonho que já estou morto,

Ao adormecer nas tardes, sonho que estou acordado,

Ao me perder nas noites, sonho que enfim me encontro.

E na gangorra do tempo, e no lento balanço das horas,

Mergulho no mar de memórias que a tempestade agitou.

Sem leme, sem nau, à deriva, sem porto, sem cais, eis-me aqui.

Cá estou.