O livro é a única saída do cidadão

Não pode virar mania essa bala perdida

Um faca achada também não pode virar costume

Por que que homens de bota de curtume atiram antes de bater na porta?

O que importa pra eles é a cota de apreensão

Nem que uma vida inocente atingida caia no chão

É um tiro na cabeça ou nas costas do cidadão

O poder aperta o gatilho antes da rendição

O predador abate o morador de fone no ouvido

E um grito sofrido de dor vem de dentro da favela

E começa a guerra elas por elas

O órfão ou o pai tem sede de vingança

Apagou-se o sonho de uma criança

A mídia invade o local do acontecimento

E filma as lágrimas e os lamentos

Só não mostra que o culpado é o sistema

A desgraça vira tema de cinema

E o tira-teima do caso é arquivado no tribunal

Pois quem invadiu o quintal é fechado com o juiz

Que diz que o procedimento foi correto

E devolve a arma pro soldado

E tudo se repete em outra comunidade

Onde o maior criminoso é o guardião da sociedade

O livro talvez seja a salvação da mazela

Na mão do soldado da guarnição

Ou no depósito de livros da favela

Pois ler antes de querer atirar quiçá seja a salvação

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 13/03/2024
Reeditado em 28/03/2024
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