Mais que o caminhar.

Pensar

Tirar pedaços

do espaço incompleto

Imaginar-me

Somente imaginar

Lembrar de todo faz de conta

Quando mesmo o próprio ar

Chegava a ser concreto

Em que a chuva no terraço

Era um laço com o poético

Toda espera era esperança

E que pensar na vida

Era viver sem precisar

Pensar na vida

Era somente imaginar

Sem questionar a distância de um passo

Mas a vida não era assim

Era a gente que era

E quando a chuva passa

Vem a hora da ciranda

Varanda inocente, gente rindo

A gente ria sem sequer lembrar

Tudo era graça

Era engraçado o querer esquecer

Do que nem tinha certeza

Seguir sempre e nem sempre saber

Que o caminho era importante

Mais que o caminhar até

Esse, o tempo o faz sozinho e à pé

Hoje, todo mundo tão repleto

Tudo tão completo de ares concretos

Esquecidos de pensar

Tá tudo em seu lugar, tá tudo certo

Tão certo quanto a gota d'agua

Que evapora na roseira

Quando a chuva passa

Certamente ela passa

Pois, não mais existe

Aquele lado imperfeito, poético

E todo mundo é cético a seu jeito

O velho contrato firmado

Perante o abstrato

É velho, é só isso

Vale o visto

Quem manda é a ciranda do tempo

E seu ar inocente

Um a um

Sem pensar, nos engolindo.

Lindo, veja ela vindo!

Edson Ricardo Paiva.