VERSOS LIBERTOS

Não aprisione versos em selos de papel,

Em nichos empoeirados, sem voz, sem fluir.

Não os amontoe como brinquedos esquecidos,

Em caixas de angústia, sem cor, sem sorrir.

Não os guarde em brancos de números frios,

Ou como pedras em cofres protegidos do mundo,

Nem os esconda em véus de segredos obscuros.

Não os use como troféus de vaidade vazia,

Nem como escudos contra a dor que te atura.

Não os guarde em palavras sem alma, sem vida,

Em conhecimentos que não tocam o ser.

Versos são sementes que pedem a terra,

São frutos que brotam para o bem florescer.

Liberte seus versos, deixe-os voar no vento,

Que cruzem fronteiras, que abracem o mundo.

Plante-os nos campos dos corações ávidos,

Onde brotarão sonhos, num ciclo sem fim.

Versos que semeiam esperança e reflexão,

Mesmo em meio à dor, trazem força e luz.

Compartilhar versos é tocar a eternidade,

É viver para sempre, além da fugaz cruz.

Que seus versos sejam pontes, não muros de prisão,

União de almas, em sublime canção.

Liberte a poesia que pulsa em seu peito,

E deixe que ela dance, num voo sem preceito,

Sem limitações, onde o palco, o céu,

o infinito seja os corações.