MATERNIDADE INCONSCIENTE

Deu a vida, ela se deu. Ela deu sua vida a parir,

seis filhos a nutrir.

Sem saber, que paria e para onde a vida a levaria.

Não tinha casa, não tinha pais, não tinha nada. Quando criança, havia sido abandonada.

Tinha apenas um marido que demonstrava que a amava.

Ou será que somente a usava para obter o que o saciava, prazeres ainda só dos instintos.

Acho que realmente a amava, pois não deixava que ninguém a machucasse, nem a maus tratos a submetia.

De dois em dois anos ela paria, nesse intervalo

a sua vida risco corria, com abortos alternados.

A pílula só veio depois, quando ela não mais precisava. A menopausa chegava.

Assim morreu a Mãe que serviu de transporte a esses filhos, todos vítimas da própria sorte.

Uns da própria ignorância, outros incapazes de assimilar a importância da vida doada sem cobrança, a culpavam do péssimo transporte.

Ela, MÃE INCONSCIENTE, apenas devia nutrir uma leve esperança, de um dia voltar a renascer e novamente criança, ser amada e amparada para crescer e se tornar Mulher madura e decidir o que quisesse, parir, deixar de parir, apenas a uma profissão seguir e viver só, para si.

Com a proximidade da Morte falou-me,

não existe mais nada além disso aqui,

aqui é Céu, Inferno e purgatório, havia purgado

mais de dez anos dentro de um internato católico, pago com moeda corrente, pensão do pai, desde a orfandade até a maior idade.

Conheci muito do Inferno e pouco do Céu.

Luiza Andrade
Enviado por Luiza Andrade em 11/05/2024
Reeditado em 11/05/2024
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