A Eternidade do Instante.

O silêncio antes do raio bater no chão,

antes do estrondo impetuoso do trovão,

é isso que chamamos de morte,

esse momento instantaneamente eterno.

É o olhar trocado depois do primeiro beijo,

ou o puxar de ar antes;

é o cheiro que paira no ar antes da chuva,

ou aquela sensação de grama molhada depois.

A morte, é esse agora que não passa, um presente perene;

aquele toque que redefine nossas prioridades.

Não devemos deixar escapar essa graça que nos foi dada,

pois, sem a morte, que gosto teria o vinho?

Que paixão teria um beijo?

Que beleza teria um mergulho no mar azul?

Aquilo que muitos temem, não é o maior inimigo,

é na verdade, o melhor amigo.

Muito se fala da calmaria, do silêncio antes da tempestade,

mas, e depois dela?

Entretanto, devemos também comemorar a própria tempestade.

Ela pode ser amedrontadora, pode parecer furiosa e injusta,

mas ela é a nossa Tempestade.

O raio pode parecer assustador, avassalador e incontrolável,

mas ele passa em um piscar de olhos, num estalar de dedos.

É como o olhar trocado depois do primeiro beijo,

ou o puxar de ar antes;

é o cheiro que paira no ar antes da chuva,

ou a sensação de grama molhada depois.

Pois, a vida, sempre nos deixa com um gosto de quero mais,

ela é sempre curta demais, rápida demais.

Portanto, desfrute de cada pequeno detalhe:

os respingos de chuva doce, na água salgada da bochecha,

ou o contraste do trovão com o silêncio.

Portanto, aproveite o brilho de safira que ele irradia,

suas luzes que enfeitam o céu.

Portanto, aproveite a chuva da tempestade,

que lava as velhas lágrimas incrustadas em nossos rostos.

Como Jasão, abracemos a fúria dos mares!