Feito de Alma
Quando tudo estava calmo e exato demais, apareceu você.
Trouxe esses olhos – Ah! Esses olhos... -, sua boca bonita, sequiosa de beijos.
Disse as palavras que eu sempre quis ouvir!
Fez meu mundo virar sonho, o sonho que eu queria um dia ao menos sonhar.
Você abriu meu peito. Você me levou a lugares inacessíveis, me mostrou os caminhos ocultos; isso tudo sem sair do lugar.
Você desembrulhou os mais fascinantes segredos, mas eu não quis desvendar.
Senti-me como um ator, fingindo ser amante nesse romance unilateral.
Dom difícil, arte dos magos, mérito dos reis, o saber de amar. Será que um dia aprendo a amar?
E bem no fervor da discussão, quando o mínimo que eu esperava era um grito, você me surrou com o silêncio. Tem gestos que rompem a reação. Eu seria capaz de um tapa, eu seria capaz de uma morte, eu seria capaz de um beijo! Eu seria capaz de tanta coisa, mas as coisas são mais difíceis quando a gente fica sem ar. O ar são como as palavras, no momento de nervosismo elas faltam, no auge da discussão elas somem.
Ofegante, não pude te dar amor, não pude te dar o céu, nem estrelas...
Então fico à esquina, vendo tudo passar, vendo o tempo passar, vendo voce passar...
Quem sabe um dia você não passe; pare, sorria e me olhe com esses olhos – Ah! esses olhos - e então eu crie coragem de não ser só...