A Tempestade

Chove sem parar

Contemplo cada gota que cai

Tempestade que me leva ao passado

Raios de amor invadem os céus

Nuvens carregadas de desejos derramam sua água

Que sinto descer pelo meu rosto

E me acolhe com fervor

De quem já viu o amor na sua frente

Enfrento a ventania da paixão

Mas ela me leva sem que eu tenha alguma chance

De lutar contra sua força

Jogado contra a parede caio e adormeço

Não senti dor, só prazer

Prazer de ser levado pela paixão

E molhado pelo desejo

Sim, acordo de novo

Permaneço deitado, sentindo tudo aquilo acontecer

Verdade? Ilusão? Quem sabe?

Eu vi, senti e experimentei a sensação

De amar sem ser alguém

De ter desejo por alguém

Mas um alguém que não existe

Contemplo o céu dissipando-se

A chuva pára de repente

Levanto-me e caminho.

Ultrapasso a barreira dos sentimentos

Meus olhos buscam e eu encontro

O alguém perfeito

Mas ele ainda não existe

Não passa de sonho, desejo

Estou só. A tempestade parou

O alguém nada mais era que um reflexo

Reflexo da minha solidão na água

Nada além de uma imagem inexistente

Abstrata, incoerente

Alucinado e consciente que tudo aconteceu

Só não existe o alguém

Mas, quem sabe numa próxima tempestade

Não caia do céu gotas de coragem

E as nuvens venham carregadas de alguém

Para eu poder contemplar

Com o alguém que pode um dia existir

A tempestade novamente

Gu Oliveira
Enviado por Gu Oliveira em 21/08/2008
Reeditado em 25/05/2010
Código do texto: T1138837
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