Transbordamento

Três horas da manhã

de um dia de Maio

no Rio de Janeiro.

A luz é breve.

O ar denso pesa sobre a madrugada

Rumor de inverno

que no outono se propaga.

Olhando pela janela

circunstantes passam

com passos firmes...

Como se o solo

fosse sólido

e a vida real e palpável.

Meu corpo solidariza-se

com a escuridão.

Ligo um som suave e calmo.

A célula de um poema irrompe.

Não sou mais um ser que pensa.

Sou um ser que sente e sonha.

Um ser que transborda.