Tarjas pretas

O que eu quero?

Quero é me entorpecer!

Tomar um porre de melancolia

Ingerir pílulas sem bulas, sem receitas aviadas,

Apenas tarjas pretas para me sentir aliviada.

Estou tão cansada de tudo

Sinto-me sem ânimo, sem inspiração, de luto.

Sem sono varo a noite

Atrás de aconchego me perco

Encontro o breu, meu próprio buraco interno

Tenso e sem fim

O vazio que teci sem auxílio em mim.

Pessoas passam, vem e vão

E eu continuo aqui

Em pé, firme, tentando não quebrar o compasso

Eu sigo, pé ante pé, numa linha reta

Meu próprio passo.

Bebidas, pílulas, o mundo nos estraga

Minha cabeça grita, mãos aos ouvidos!

Não quero ouvir, nem fale!

Tarjas pretas é o que consigo engolir

É como me mantenho, nem repare.

Dia após dia

Garrafa após garrafa

Pílula após pílula

Ressaca após ressaca.

Tarjas pretas, comprimidos brancos

É o que consigo engolir

É devido a todo esse mal que me consume aos poucos

Que não consigo repelir a vontade

Malditas tarjas pretas que estou a consumir,

O estômago reclama

Mas só assim consigo dormir.

Lilith Góthica
Enviado por Lilith Góthica em 16/01/2009
Código do texto: T1387855
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