Desejos Sacrossantos

Noite fria, e infinitamente triste.

Enquanto, alguns dormem o sono

da paz, aqui estou eu...

Contrita!

A altura do peito às mãos postas...

Os olhos aos céus elevam-me, bendita.

N’alma, só desejos sacrossantos.

Nas preces a ladainha medita.

Lá se vai à noite, e permaneço em vigília.

Preciso dormir. Preciso sonhar...

Apenas os sonhos me confortam.

Enquanto tu distante...

Só há presença das escuras trevas, e solidão.

É impossível te amar.

Estranhos feitos enfeitam a solidão noturna,

na mente das criaturas humanas.

Cerro os olhos fortemente, em fuga...

Aguardo o amanhã em busca do meu refúgio

À claridade do dia, me via renascer.

Noite sombria, noite de agonia.

Por um instante, nem sei se sou adulta

Ou criança.

O medo... Reveste-me de ansiedade e fantasia...

E só acaba com o raiar do dia.