A CAVERNA (Aqui só eu me acho) - Retrô

Que o discurso de todos os meus dissabores seja breve;

Que o alívio aos incêndios de minha mente se apresse;

Que o olhar voltado aos meus limites se encerre;

Que o desejo de ser indesistível se entregue!

Que eu consiga ouvir a voz da minha voz;

Que eu permita outros habitantes a meus mundos a sós;

Que eu encontre o final dessa caverna, sem desatar meus nós;

Que eu advogue minha mente, com meu pensamento algoz!

Que eu encontre alguma luz nesse lugar tão frio e triste;

Que eu seja o alívio das ilusões e a cura que não existe;

Que eu me aceite valoroso, nessa insignificância que persiste;

Que eu seja a bandeira branca na guerra alheia que insiste!

Que eu não permita novos invasores à minha solidão;

Que as trilhas da felicidade eu possa achar na contra-mão;

Que a conivência do que possa, se mostre quando digo "não";

Que um passe de mágica traga às realidades o mundo de minha imaginação!

Que os litros do meu pranto sejam vistos só por mim;

Que ninguém mais me assista, nesse princípio de meu fim;

Que ninguém se atreva a remover os espinhos de meu jardim;

Que minhas verdades tão desprezadas fujam nas asas de um querubim!

Que eu prossiga, então, nessa busca por meu ponto de saída;

Que o meu protesto se expanda nas paredes desse lugar;

Que eu ache força pra não abandonar minha esperança combalida;

Que eu adormeça na caverna esqueçida e me permita sonhar!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 03/04/2009
Código do texto: T1520751
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