As Horas

Algumas palavras permanecem vivas. Mesmo quando tentamos sufocá-las, mesmo quando as atiramos no fundo de um obscuro poço.

Algumas palavras insistem em viver. Mesmo que já não haja palavras para elas entre os vivos.

“Ai palavras, ai palavras. Que estranha potencia a vossa”

Que estranha vontade de se libertar em gritos noturnos...

As palavras, que estranhas vontade de dize-las baixinho ao pé do ouvido...

Enquanto os raios da aurora invadem nosso quarto.

E traz à luz...

Minha solidão, minha insanidade, meu desapego.

Tiro no escuro;

Uivo de coités;

Viúva Negra.

O cuco na parede.

Ás horas, ás hora, ás horas...

As inconsistências, e a relatividade do tempo destituíram minha voz de som.

Minhas palavras de sentido.

Minha história de significado.

Sou um passante anônimo.

Um rosto comum em meio ao passeio público.

Edson Duarte
Enviado por Edson Duarte em 29/04/2009
Reeditado em 29/04/2009
Código do texto: T1566182
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