Pra sempre morta na tua ausência
Ainda por algum tempo digeri aquela estória
ainda digiro-a sem maiores razões
e sem culpar-me, ainda me trago dúvidas
e vou tragando, gole a gole a tua ausência
não era pra ter sido tão duradoura aquela dor
mas o que é latente não pára de pulsar
e este pulsar, que há muito me agarra,
eu sei que não vai jamais parar
apesar da não-volta iminente e certa,
eu sigo nesse jantar a digerir lentamente
aquela presença que decerto nunca foi minha
e que me faz sempre morta na tua ausência
não me importo mais com pormenores, é indolor
apenas deixo o tempo fluir por entre os dedos
porque o que é verdadeiro o tempo anestesia
e o que é sentimento o coração sempre tolera.