A queda de Jó
Eu penso todo dia em um fim que nunca chega
Sozinho eu me arrasto para chegar à superfície
O destino é um acaso que brinca com a vida
Pobre de mim que nunca irá viver até a primavera
Pois o outono é um agouro
Da morte que virá no inverno
O murchar de minhas veias
O cessar de minhas dores
Olho para os céus e peço ao pai
Que acabe com esta dor
Mas ele me diz que tenho que ser forte
Resistir a todo o ardor
Amaldiçôo meu nascimento
Minha presença neste mundo
Algo como eu tão incompleto
Que vive de um modo tão sujo
Eu fui levado pelos caprichos
Eu deixei de amar muitas pessoas
Agora estou abandonado
Não tenho mais lágrimas para chorar
Não vejo a hora de partir
Deixar esta casca, esta vida.
Ir embora com meu pai
Deixar este mundo encardido
Pois o outono é um agouro
Da morte que virá no inverno
O murchar de minhas veias
O cessar de minhas dores