DESPINDO O AMOR

Amar e ser amada

sem me preocupar

com os padrões carnais,

estéticos, banais.

Amar e ser amada

sem temer a hora da chegada.

Aguardar a partida

sem chorar na despedida.

Me entregar sem medo

da exibição das carnes

flácidas, envelhecidas,

sugadas pelo tempo.

Murmurar, esquecendo

a boca desdentada,

me preocupar apenas em dizer:

Te amo e sou amada.

Amar e ser amada.

Sem pudores,

surda aos rumores

dos que não sabem desejar

profundamente,

por não terem coragem

de se olhar internamente

com medo de descobrir

que o EU realmente humano

só quer amar de verdade

independente de quanto tempo

esperou por este momento.

ANA MARIA CALHEIROS DE MELO
Enviado por ANA MARIA CALHEIROS DE MELO em 28/05/2009
Código do texto: T1619844
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